Nos primeiros meses de 2025, Mato Grosso do Sul já registrou números alarmantes relacionados à violência doméstica contra mulheres. Até agora, foram contabilizados 4.329 casos, segundo dados do Monitor de Violência contra a Mulher, uma média preocupante de 58 ocorrências diárias.
O levantamento realizado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) em parceria com a Polícia Judiciária Estadual revela que a média mensal projetada para este ano é de 1.731 ocorrências, número superior ao registrado em 2024, que teve uma média mensal de 1.702 casos e totalizou 20,4 mil ao longo do ano.
As mulheres pardas continuam sendo as principais vítimas desse tipo de violência no Estado. Em 2024, representaram 57% dos casos totais (11 mil das 20,4 mil ocorrências). Em 2025, a situação se agravou, passando para 58%, com 2,5 mil registros até o dia 15 de março.
Entre os municípios, Campo Grande segue liderando em número absoluto de casos, com 1,5 mil ocorrências apenas nos três primeiros meses deste ano. Na sequência, aparecem Dourados (373 casos), Três Lagoas (205), Ponta Porã (126) e Naviraí (103), também com índices preocupantes.
A indignação pública sobre os casos de violência doméstica cresceu substancialmente após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassinada em fevereiro deste ano pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, de 35 anos. A vítima possuía medida protetiva contra o agressor, preso logo após o crime.
Em 2024, foram concedidas em média 39 medidas protetivas de urgência por dia no Estado. Ao todo, foram 15.386 pedidos, com 14.228 medidas aprovadas, alcançando 92% de efetividade.
Entretanto, em 2025, o cenário preocupa. Até o dia 15 deste mês, apenas 30% das solicitações tiveram resposta positiva: das 3.401 solicitações feitas, somente 1.022 foram concedidas, representando uma queda considerável na aprovação desses pedidos.
Nova estratégia de combate à violência
Diante do cenário crítico, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul inaugurou, no último dia 7 de março, a 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em Campo Grande. A nova unidade prevê um atendimento mais ágil e busca fortalecer a rede de proteção às mulheres, inclusive intimando agressores via WhatsApp.
Segundo o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Dorival Pavan, essa nova abordagem é uma estratégia para evitar que os agressores utilizem como desculpa o não recebimento da intimação presencial. "Caso não seja possível intimar pessoalmente, faremos via WhatsApp para que não haja alegação de desconhecimento", destacou.
A nova Vara também contará, já na próxima semana, com 12 novos oficiais de justiça que se somam aos 8 já existentes, além de assistência social, apoio psicológico, arquivo, cartório, gabinete do juiz e espaço específico para acolhimento às vítimas.
Com essas iniciativas, Mato Grosso do Sul busca reverter os altos índices de violência doméstica que têm impactado fortemente as mulheres do Estado.
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