O Governo Federal se prepara para dar um passo importante na retomada do transporte ferroviário no Brasil. Na próxima terça-feira (25), o Ministério dos Transportes apresentará a nova Política Nacional de Concessões Ferroviárias, acompanhada da carteira de projetos previstos para 2026. O plano inclui sete leilões e movimentação estimada em R$ 618,2 bilhões, entre obras e operações.
Entre os projetos mais aguardados está a concessão da Malha Oeste, ferrovia que percorre 1.539 quilômetros entre Corumbá (MS) e Mairinque (SP). Desde 2015 sob administração da Rumo, a linha opera muito abaixo da capacidade e, em 2020, teve pedido oficial de devolução da concessão à ANTT.

De acordo com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), a situação da ferrovia é crítica: trilhos deteriorados, velocidade limitada e transporte reduzido. O governo avalia que durante anos os investimentos ficaram aquém do necessário para manter a operação eficiente.
Para a equipe técnica do PPI, abrir uma nova licitação é a única forma de viabilizar a modernização completa da linha. O objetivo é firmar um contrato atualizado, com metas de desempenho e exigências de investimento compatíveis com as melhores práticas de concessões do país.
A recuperação da Malha Oeste é tratada como prioridade pelo Governo do Mato Grosso do Sul. Em reunião realizada em outubro, com representantes de mais de 40 entidades, o secretário estadual Jaime Verruck reforçou que a ferrovia tem demanda suficiente para operar de forma sustentável.
Segundo ele, cargas como soja, etanol e combustíveis, somadas à produção florestal e industrial do Estado, já são capazes de justificar a reativação. “Estamos falando da possibilidade de retirar milhares de caminhões das rodovias, trazendo eficiência logística e ganhos ambientais expressivos”, destacou.
O edital da nova concessão deve sair em abril de 2026, com leilão previsto para julho do mesmo ano. A previsão é que o futuro operador invista R$ 35,7 bilhões na recuperação da malha e arque com R$ 53,5 bilhões em custos operacionais ao longo da concessão, estimada em 57 anos.
Além de atender ao agronegócio e ao setor de combustíveis, a ferrovia poderá se conectar ao Porto de Santos e integrar, futuramente, uma rota bioceânica pela ferrovia que liga o Brasil ao Porto de Antofagasta, no Chile.

Uma história marcada por mudanças
A Malha Oeste passou por várias mãos ao longo das últimas décadas. Depois de pertencer à Rede Ferroviária Federal, foi repassada à Ferrovia Novoeste, em 1996. Em 2008, tornou-se parte da ALL (América Latina Logística) e, a partir de 2015, foi incorporada à Rumo, após fusão das empresas.
A deterioração da estrutura ao longo do tempo culminou no pedido de devolução da concessão em 2020 — etapa formal do processo de relicitação previsto em lei.
Agora, com a nova política ferroviária e uma carteira robusta de concessões, o governo quer recolocar a Malha Oeste em operação plena, mirando o crescimento econômico e a retomada do transporte de cargas sobre trilhos no país.
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