Ser jornalista no interior do Brasil é mais do que uma profissão — é um ato de resistência.
Há dez anos, quando cheguei ao Mato Grosso do Sul, percebi que o Jornalismo local era o elo mais próximo entre as pessoas e a realidade que as cerca. E é justamente esse elo que vem sendo testado, desafiado e, muitas vezes, subestimado em um mundo cada vez mais acelerado e digital.
Nos últimos anos, testemunhamos o colapso de grandes redações, o fechamento de jornais impressos e o desaparecimento de vozes regionais que davam cor e contexto às nossas cidades. Em contrapartida, surgiram novos formatos, novas plataformas e uma legião de profissionais dispostos a empreender no ofício — jornalistas que entenderam que o futuro da notícia pode (e deve) nascer de onde ela acontece: no chão da comunidade, na rotina da praça, na conversa do café e no pátio da indústria.
Foi com esse espírito que criei o portal Atualiza MS. Uma ideia que nasceu da inquietação e da vontade de mostrar o quanto o Mato Grosso do Sul é mais do que manchetes nacionais passageiras. Aqui, a notícia pulsa em cada esquina, em cada projeto inovador, em cada empreendedor que decide ficar e investir. O Atualiza cresceu porque decidiu olhar para dentro — e enxergar a força de um Estado que se reinventa todos os dias.
O Mato Grosso do Sul é, por si só, uma pauta diária. É a capital mundial da celulose, um celeiro da pecuária ostensiva, um modelo de sustentabilidade e transição energética. É o Estado verde, dos biomas que inspiram o mundo, dos povos originários que preservam saberes ancestrais, dos grãos que alimentam o país, das florestas que capturam carbono e da agropecuária que move o PIB nacional.
Mas é também um Estado que pensa o futuro. Que aposta na energia limpa, na educação empreendedora e na inovação. E é aqui que o jornalismo local precisa estar: registrando, fiscalizando, celebrando e traduzindo esse movimento de transformação.
Sustentar o jornalismo hoje é um desafio de múltiplas frentes: financeiro, tecnológico e, sobretudo, ético. A credibilidade se tornou o bem mais valioso — e o mais difícil de manter. No interior, onde todos se conhecem, ela é construída com constância e verdade, não com likes.
É preciso reinventar-se sem perder o propósito. Aprender a usar as redes sem virar refém delas. Produzir conteúdo de interesse público, mesmo quando o público parece mais interessado no entretenimento rápido. E, principalmente, valorizar o jornalismo como ferramenta de pertencimento.
O que sustenta o Jornalismo local não é a publicidade, nem a audiência — é a confiança. E essa confiança nasce quando o leitor percebe que você está ali por ele, com ele e para ele.
O Mato Grosso do Sul completou, em outubro, 48 anos de divisão. E se há algo que aprendi nestes dez anos vivendo e contando suas histórias, é que este Estado não é apenas jovem — é audacioso. Cresce com os pés na terra, mas com o olhar no horizonte.
É nesse mesmo caminho que deve seguir o jornalismo regional: com coragem, propósito e fé no futuro. Continuar contando o que importa, dando voz a quem constrói, revelando o que precisa ser visto.
Porque a notícia muda. O formato muda. Mas o compromisso com a verdade — esse nunca pode mudar.
E enquanto houver uma boa história para contar, o Jornalismo local seguirá vivo. Felizmente!
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